Wednesday, December 30, 2009

Avatares e Second Life - O mundo para alem realidade


Recentemente assisti ao filme Avatar, um sucesso de bilheteria como ja nos habituou o escritor, realizador, productor e inventor James Cameron. Para quem não se lembra dele basta falarmos de sucessos como o Exterminador, o Extraterrestres ou mesmo o marcante Titanic, todos eles sucessos de bilheteira produzidos por este brilhante genio do cinema. O filme que retrata o conflito entre o imperalismo e a biodiversidade, é um revolucionario filme de acção e aventura que leva a audiencia ao suspance e a viver cada segundo da trama envolta entre a o mundo real e o virtual.

Na mistura entre o mundo virtual e o real os Avatares são os tais elos de ligação ou mesmo conversores entre os dois mundo. De acordo a tematica do filme, avatares são formas desenvolvidas geneticamente nos laboratorios para que humanos possam locomover-se na região de Pandora, o tal mundo virtual. A mim não interessa tanto discutir o plot do filme em si, mas sim a ideia dos avatares e deste mundo virtual que a cada dia se torna cada vez mais popular.

Existe na Internet uma comunidade online que se chama Second Life. Second Life é um mundo virtual desenvolvido pelos Laboratorios Linden. Actualmente mais de 800 000 pessoas são tidas como residentes deste mundo. São chamados residentes todos os usuários do programa e incluem-se entre eles individuais, empresas, igrejas e inclusive governos. A titulo de exemplo, países como a Colombia, Albania, Servia e Suiça contam-se entre os que estabeleceram embaixadas no second Life. Apesar dos caracters e animações que se pode encontrar neste mundo virtual, não se pode considerar o Second Life um jogo, antes pelo contrario, Second Life é mesmo um mundo em paralelo. É um mundo em que as pessoas podem fantasiar-se, viver a realidade segundo a personalidade que elas queiram incorporar, escolhendo as caracteristicas fisicas que quiserem dar a seu corpo, usar o vestuário, fazer compras de artigos, propriedades, transacionar em bancos, ir ao cinema assistir a filmes do mundo real, ir a concertos musicais e tanta outras coisas que se possa imaginar.

O usuário poderá sentir-se frustrado no inicio ao conectar-se no SL  parece meio complicado usar as funcionalidasde do programa, mas o ideal mesmo é perder algum tempo, ir experimentando de tudo, e não deixar de perguntar. Ira encontrar gente de todo mundo, em geral o inglês é a lingua mais comum, mas sempre poderá deslocar-se em comunidades de falantes da lingua portuguesa ou qualquer outra. E esta é exactamente uma das maiores vantagens do SL em relação a qualquer outro programa de chatting. Primeiro é que o residente ira encontrar várias pessoas, dependendo do local e hora do dia em que estiver conectado dispostas a dialogar sem ter de cumprir muitas formalidades. E depois SL é uma grande oportunidade de praticar conhecimentos de linguas.

Continua...



Saturday, December 12, 2009

Moçambique desmente e confirma estigmas sobre África, dizem brasileiros -- Parte II

Proximidade
Além da língua em comum – embora se fale outros dialetos no país - as condições climáticas, a comida, a música e o povo receptivo, segundo o casal, todos muito próximos da cultura brasileira tornam a adaptação fácil.
Além disso, entre as principais vantagens da vida em Maputo, Thaís cita a segurança. “Mas o que mais vale para nós é a qualidade de vida. Não tem violência, assaltos a banco, nada disso. Isso nos faz querer ficar aqui por mais dois, três anos no mínimo. Também o fato de estarmos próximos de outros países, poder passar um final de semana na Suazilândia, outro na África do Sul.”
Já para Gabriel, viver numa cidade “globalizada” e conviver com diferentes nacionalidades é um dos aspectos mais interessantes do país. “Trabalho com moçambicanos, portugueses, tenho amigos americanos, holandeses, belgas. Você ter conhecimento do mundo todo é a coisa que mais gratifica.”

Assistência à saúde 
A opinião do casal converge quando o assunto são as desvantagens da vida em Maputo: a “precária” assistência à saúde. “Não tem assistência à saúde. Todo mundo que precisa fazer um hemograma vai para a África do Sul. Você fica muito vulnerável”, afirma Thaís.
Quando comparados, diz Gabriel, aspectos como assistência à saúde e trânsito, por exemplo, fazem o Brasil parecer um país “de primeiro mundo”.

Aids
A brasileira, que trabalha como consultora para algumas organizações internacionais, como o Unicef, conhece mais de perto a realidade do país. Quando falava com a reportagem na última terça (1°), Dia Mundial de Luta Contra a Aids, Thaís participava de uma feira da saúde na Ilha de Benguerra Vilankulos, a poucos quilômetros de Maputo.
De acordo com ela, muitos fatores culturais ainda dificultam o combate à doença no continente, o que faz com que a África Subsaariana continue sendo o local que concentra mais registros da doença segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).
“A questão de gênero aqui é muito delicada. O homem não aceita usar preservativo, não aceitam picar o dedo para fazer o teste. Existe um teste pela saliva que o Ministério da Saúde está tentando implementar, mas ainda é muito caro”, conta.
Além disso, ela cita o fator cultural. “Numa das províncias que eu fui, as pessoas não aceitavam tirar o sangue porque isso retiraria vitamina delas”, diz. “Por isso, por mais esforço que se faça [no combate], as pessoas continuam morrendo de doenças como Aids, malária e diarréia.”

Custo de vida
Engana-se, no entanto, quem pensa que a vida no país – que é apenas a 124ª economia do mundo – pode ser barata para o imigrante brasileiro. Com um mercado imobiliário restrito, o aluguel de um apartamento dos anos 70 em Maputo não sai por menos de US$ 1,5 mil, segundo os brasileiros.
Com uma economia fortemente baseada nos produtos importados, segundo Thaís, os moçambicanos também enfrentam uma espécie de hiperinflação sazonal no final do ano, quando boa parte dos comerciantes brasileiros, africanos e portugueses deixam o país. “O preço de muitas coisas triplica quando chega o final do ano. É o que está acontecendo agora”, conta.

Blog
Para trocar estas e outras experiências sobre a vida em Moçambique, o casal criou o blog “Tá p...? Vá pra Maputo”, em que postam desde fotos de viagens a receitas culinárias típicas. O site pessoal acabou os aproximando de outros estrangeiros e brasileiros interessados no país.
“Queríamos dividir com nossos amigos o que estávamos vendo de verdade, tirar o estigma de que íramos viver no mato. Teve um colega que estava vivendo em Angola e por conta do blog entrou em contato e veio para Maputo. Acabou ficando por aqui”, conta Thaís.

Sunday, December 6, 2009

Moçambique desmente e confirma estigmas sobre África, dizem brasileiros -- Parte I

Texto sobre um casal brasileiro que decide fazer a sua vida em Moçambique, que apesar de ser um país que conhece muito bem o Brasil, surpreende os autores do texto porque em geral os brasileiros têm um desconhecimento total de Moçambique.

O texto chamou-me a atenção pelo facto de conviver com muitos brasileiros que dizem a mesma coisa em relação a Angola. Eles quase não sabem nada sobre Angola, inclusive surpreendem-se ao saber que os Angolanos falam portugues. Publicarei este texto em varias partes, sendo esta a parte I.

Quando anunciaram que estavam fazendo as malas e que iam deixar São Paulo para viver em Maputo, o casal Gabriel, 30, e Thaís Ferreira, 25, viram familiares e amigos assustados com o destino. “A maioria dos nossos amigos não sabia nem onde ficava no mapa”, lembra ela.



Hoje, um ano e meio após ter desembarcado, três meses depois do marido, na capital de Moçambique, ela se pergunta por que o país da costa oeste africana, ex-colônia portuguesa, é tão desconhecido dos brasileiros.


“Eles conhecem muito do Brasil pelas novelas, o futebol, a música, e nós não sabemos nada sobre eles. Às vezes a gente sai à noite em Maputo, ouve Nando Reis, e me pergunto se ele imagina que a música dele faz sucesso aqui”, diz a bacharel em relações internacionais.

No entanto, foi mais o acaso e não uma escolha, segundo Gabriel, que levou o casal, junto há sete anos, a viver no país. De volta de uma temporada na Itália, em 2007, Thaís começou a procurar emprego para os dois pela internet e uma agência de publicidade moçambicana se interessou pelo currículo de Gabriel, que é designer gráfico.

Uma vez no país, os dois dizem ter desmentido, mas também confirmado muitos dos estereótipos comuns que se têm no Brasil sobre países africanos. “Maputo é uma cidade urbana. Tem muitos restaurantes, outro universo do resto do país. Não dá pra comparar com São Paulo, mas é diferente. Senti falta da pluralidade, de ter opções. Aqui, por exemplo, só tem dois cinemas e um deles passa o que já passou no anterior”, conta Thaís.

“As pessoas tem uma ideia da África de que não tem nada. Mas tem uma estrutura como em qualquer lugar do mundo. Por outro lado, tem coisas que a gente nem cogita que possam faltar e complicam todo o sistema”, afirma Gabriel. Ele cita como exemplo uma estrada é uma das principais do país, destruída pela cheia de um rio, que levou quase um ano para ser recuperada.

Aos poucos, familiares e amigos também desmistificaram a imagem comum sobre a África. “Eu recebi minha mãe e meu irmão em julho e eles ficaram admirados: não sabiam que a cidade era assim, que tinha parques, restaurante japonês...”, conta Thaís.

Por outro lado, ela conta, alguns clichês persistem: “Nas eleições para presidente, em outubro, saiu uma reportagem dizendo que os eleitores foram votar em um local e não puderam porque [a sessão] foi invadida por um elefante”.

Continua....

Sunday, November 22, 2009

Odisseia de Um Brazuca em Luanda - Parte VI (Final)




Nástio Mosquito, um artista multimídia e agitador cultural que teve seu trabalho entre os selecionados para a última Trienalle, ele mesmo de volta a Angola depois de anos na Inglaterra e abrindo o primeiro escritório de gestão de patrocínio cultural do país, foi quem melhor traduziu o espírito que move essa geração. "Meu país tem praticamente a minha idade, não é em qualquer lugar que se pode dizer isso. Quantos anos países como o Brasil levaram para encontrar seu rumo? Angola vai encontrar o seu próprio caminho, que não é nem virar uma Europa ou uma América. Angola vai ser Angola. Se o resultado de toda essa transformação vai ser bom ou ruim eu não sei, vou ter que esperar uns 20 anos pra ver."

Vai ter que dar dinheiro, branco!", gritava ainda o mais exaltado dos passageiros da van angolana enquanto continuávamos parados na estrada de lama. O motorista do candongueiro, que até ali estava preocupado apenas com o senhor que o sujou, ainda tentou colocar pressão. "Mas isso lá é maneira de dirigir?!"

Ouvindo meu sotaque brasileiro dizer de forma enfática, mas educada, que não daria porra nenhuma e que a última pessoa do mundo que poderia criticar alguém por dirigir de forma descuidada - o que nem era o caso - era um motorista de candongueiro, cantados em verso e prosa como os maiores facínoras do trânsito de Luanda, quatro dos cinco passageiros desistiram da argumentação, mas o mais exaltado partiu para cima de meu carro gritando que ia quebrar tudo. Antes que ele chegasse perto, larguei a embreagem e andei uns 50 metros para trás. Foi o suficiente para ele desistir da valentia e voltar, junto com seus colegas, para o Toyota Hiace azul e branco, sem Omo, dinheiro ou desculpas.

Depois de se acalmarem ainda tive que lidar com o senhor, que queria que eu lhe entregasse meus documentos e a chave do carro e fosse com ele até seu emprego dar explicações. Era quase uma ordem de prisão. Uniforme em Angola é poder ou ao menos quem os usa crê que seja. Mas valentia de angolano, sobretudo sem colegas ao redor para lhes dar confiança, é curta. Quando disse que de meu carro não sairia, mas que se ele realmente fizesse questão poderia fazer a gentileza de segui-lo até seu chefe para explicar a situação, não como obrigação, mas como um favor, ele se resignou e aceitou.

Fomos então até o porto de Luanda, onde não apenas contei a história ao chefe como tive que assinar um papel confirmando-a. O senhor ainda tentou me intimidar na frente do superior, usando a condição de oficial de imigração para exigir que lhe desse meu passaporte para averiguação. Diante de meu argumento de que nem no Brasil nem em Angola sujar alguém de lama é crime ou violação de qualquer lei de imigração, e que eu estava ali fazendo um favor e não sob ordem judicial, ele acabou capitulando e se conformando apenas com um pedido de desculpas. "Então me dê mil kuanzas [cerca de 13 dólares] para lavar meu carro", ainda tentou, como se a sujeira do automóvel fosse culpa minha e não das enlameadas ruas da cidade. "Desculpe, mas vou precisar do dinheiro para lavar o meu", respondi. Entrei no carro e parti.

Como bem colocou o escritor Agualusa, num e-mail de boas-vindas pouco depois de minha chegada a Angola: "Chegar em Luanda é um choque, mas depois a gente acostuma".




 OBS: Esta sequência de artigos (que termina com este post) não é da minha autoria. Reproduzo-o em meu blog simplesmente porque narra um conjunto de eventos caricato mas muito comum no dia-a-dia de Luanda. As reflexões feitas pelo autor no decorrer do artigo são pura e simplesmente de sua autoria. -- Mais uma vez dou credito ao autor André Vieira e a revista Rolling Stone.




Wednesday, November 18, 2009

Odisseia de Um Brazuca em Luanda - Parte V

Nas ruas de Luanda, direitos e deveres são negociados caso a caso, no calor do momento, e quem tem carro maior e mais caro tende a ter mais direitos do que têm os motoristas dos veículos mais modestos. E o que não falta são enormes Hummers, Range Rovers e Land Cruisers tentando afirmar o seu poder. A julgar pela frota nas ruas é difícil imaginar que e expectativa de vida não passa de 43 anos, uma criança em quatro morre antes dos 5 anos e que mais de 50% da população esteja desempregada. A lógica dominante é uma combinação explosiva de laissez-faire com cada um por si, muito mais seleção natural que filosofia política. Onde antes se buscou Marx hoje se encontra Darwin.

 
No topo dessa cadeia alimentar está o presidente e seu grupo de aliados. Apesar de toda a aparência democrática que o governo tenta dar ao país, criticar abertamente quem está no poder ainda pode trazer conseqüências desagradáveis. A maioria das pessoas que entrevistei se mostrou reticente em falar abertamente até eu prometer não usar seus nomes. Mesmo assim são poucos os que decidem abrir suas opiniões para um desconhecido. Um dos que o fez, e de forma bem didática, foi um bem-sucedido empresário com quem almocei. "Angola mudou de sistema econômico sem mudar de governo, de presidente ou de partido. A iniciativa de mudança tem sido do poder e não da sociedade. O governo é extremamente capitalista, mas no capitalismo deles eles próprios são os principais acionistas, não o povo. A estratificação social que existe em Angola foi feita pelo poder político. Agora é que se fala de classe média, classe baixa, classe alta. Antes a única classe era quem estava no poder. Estrangeiros não têm a memória de Angola. Há uma herança autoritária que é forte, e essa herança justifica o medo."

Apesar do boom econômico, os edifícios novos e os enormes carros congestionando as ruas são seus únicos sinais visíveis. Pequenos e médios negócios como lojas, restaurantes e prestadores de serviços, motores de uma economia saudável e includente, ainda são raros em Luanda. Os esforços econômicos do governo privilegiam grandes negócios, que normalmente só conseguem prosperar com um sócio angolano bem relacionado no governo. Para os médios e pequenos a vida ainda é muito difícil. Fora o petróleo, o setor da economia que mais cresce é o bancário, com 18 bancos surgindo nos últimos cinco anos, introduzindo pela primeira vez na vida do país comodidades como contas bancárias, cheques, caixas eletrônicos, compras financiadas e, novidade das novidades, cartões de crédito. Não surpreende a ninguém que a Sonangol tenha expressiva participação acionária em todos eles.

Comprar coisa em loja é uma novidade que só agora se está tentando implementar em Angola. O único shopping de Luanda é o Bellas, que a brasileira Odebrecht acaba de construir em Luanda Sul, um lugar tão árido e sem vida que entediaria até um habitante de uma típica cidade soviética na Sibéria. Para o angolano médio não existe comércio, mas sim negócio. A não ser quando se vai aos grandes mercados da cidade, muitas vezes atrás de produtos para serem revendidos, geralmente são os produtos que vão até você, e não o contrário. Angola é a apoteose do sacoleiro.

O verdadeiro dinamismo da economia angolana está no setor informal, em que Angola é mais Angola e menos uma pretensão de primeiro mundo. Ali o capitalismo é verdadeiramente competitivo e saudavelmente selvagem. Nos grandes mercados públicos da cidade, a maioria com nome de novelas e programas de TV brasileiros, como Roque Santeiro e os Trapalhões, se encontra praticamente de tudo. O Roque Santeiro é o principal deles. "Se não se encontra no Roque, ainda não foi inventado", garante Pepetela, um dos principais escritores angolanos, em um de seus livros.

Em um único mercado se encontra de prego a sexo, passando por motos coreanas, perfumes franceses, uísques escoceses, roupas do Brás (trazendo a última moda da novela das 8), música angolana, filmes indianos, eletrodomésticos chineses, peixes do Atlântico, carne de Huambo, celulares finlandeses, quinquilharias do mundo inteiro e iPhones desbloqueados. Tudo ordeiramente organizado por setor.

Também é nos mercados que se pode consumir o principal produto cultural de angola: o kuduro, ritmo local, e o rap, feitos nos musseques, as favelas angolanas.

Angola tem uma importante produção cultural que já está se espalhando pelo mundo. Escritores como José Eduardo Agualusa e Ondjaki já estão entre os principais nomes da literatura de língua portuguesa e sendo traduzidos em vários países. Na última Bienalle em Veneza, o país teve, pela primeira vez, uma participação elogiada no pavilhão africano e Luanda já tem sua trienal de artes plásticas, cuja segunda edição será realizada em 2010, possivelmente já numa sede própria desenhada por Oscar Niemeyer, com curadoria, como a primeira, de Fernando Alvim, um dos mais destacados artistas plásticos angolanos. Mas essa produção pode ser mais facilmente apreciada no exterior do que em Luanda, onde a cena cultural ainda é extremamente limitada.

A verdadeira efervescência cultural em Angola está nos musseques, onde se vara a noite em raves de kuduro, bebendo cerveja Eka e dançando enlouquecidamente até o Sol nascer. O kuduro lembra um pouco o funk carioca, com letras praticamente recitadas de forma acelerada sobre bases simples, mas de ritmo forte, só que trazendo narrativas menos agressivas, mais crônicas sociais cheias de humor do que exaltações de sexo e violência. Por muito tempo relegado aos CD players dos candongueiros (a verdadeira rede de rádio popular de Angola) e bancas de CDs dos mercados angolanos, o ritmo recentemente começou a virar mainstream, com o governo se animando a promovê-lo como "o ritmo nacional", pegando carona com o sucesso que o kuduro já começa a fazer em algumas pistas da Europa.

A crítica social mais pesada fica a cargo do rap, esse ainda maldito, mas tornado poderosa arma política não partidária na voz de Mc K, um tranqüilo e simpático estudante de filosofia que mora num dos musseques mais perigosos de Luanda. Rodando a cidade em alto volume nos alto-falantes dos candongueiros, sua voz consegue romper a polarizada linha que divide as simpatias políticas dos angolanos entre MPLA e UNITA e atingir fundo a todos com uma crítica precisa e afiada não dos partidos, mas do sistema sufocante que se perpetua independentemente de quem esteja no governo. Suas letras incomodam tanto o poder que um fã foi assassinado por um integrante da guarda presidencial simplesmente por cantar uma de suas músicas.

Apesar de todos os problemas, anos de sofrimento parecem terem feito dos angolanos irremediáveis otimistas. Sem dúvida para eles a maior conquista foi a chegada da paz. É grande o número de jovens bem formados que estão abandonando bons empregos na Europa e Estados Unidos, para onde foram para escapar dos anos de conflito, retornando ao país em busca de aproveitar o bom momento e ajudar a fazê-lo andar para a frente.


Continua...

Sunday, November 15, 2009

Odisseia de Um Brazuca em Luanda - Parte IV

Com a invasão estrangeira, Luanda, onde se concentra toda a atividade, está vivendo uma transformação de tirar o fôlego. Só fui ter idéia de como a cidade está mudando quando fui à embaixada portuguesa assistir ao documentário angolano Miopio, filmado na cidade em 1991. Quase não reconheci as avenidas arborizadas e praticamente vazias que serviam de pano de fundo para as entrevistas sobre a vida em Angola naquele breve período de paz.

Luanda já foi um dia uma cidade agradável, quando sua população ainda era próxima do que tinha sido construída para abrigar cerca de 500 mil pessoas. Hoje, com 6 milhões e ainda a mesma infra-estrutura, praticamente sem manutenção há 30 anos, é o mais completo e absoluto caos.





Como cheguei num sábado, dia de torpor coletivo para os angolanos, tive que esperar até segunda-feira para ter a real dimensão da confusão. Das calçadas, transbordando de veículos estacionados, jorram água e esgoto, enquanto os carros se derramam para a rua em fila dupla, tripla, quádrupla ou em qualquer buraco onde seu motorista julgue poder encaixá-lo. Como boa parte das esburacadas vias de circulação, a maioria sem ver asfalto novo há algumas décadas, está ocupada por carros parados, normalmente sobram apenas duas faixas para o trânsito fluir, quando este não fica confinado a apenas uma. Apesar disso, angolano que pode prefere dirigir a ter que encarar uma viagem de candongueiro, que não é transporte para aqueles de coração fraco. Com a economia explodindo, a cada mês são cerca de 800 novos carros a mais nas ruas disputando os escassos espaços disponíveis. Uma volta no quarteirão pode facilmente levar mais de uma hora. Talvez só o trânsito de Luanda seja capaz de fazer um paulista sentir saudades de um entardecer de chuva em uma das marginais da cidade em véspera de feriado. Infelizmente, sou carioca.

Uma boa maneira de compreender o momento que Angola vive é observar o trânsito em Luanda. Seja pelas avenidas Friederich Engels, Ho Chi Min ou Che Guevara, a filosofia reinante superou há muito o dogma marxista que deu origem à nação. Não há o menor vestígio de planejamento central ou respeito a qualquer regra. Os sinais de trânsito são poucos e raramente funcionam. Os obstáculos à circulação são inúmeros e variados, entre eles uma enorme quantidade de obras espalhadas caoticamente que tentam, tardiamente, melhorar a infra-estrutura da cidade enquanto ela cresce de forma alucinada. O estado, representado pelos inúmeros guardas de uniforme azul-escuro que normalmente olham indiferentes o caos, parece mais preocupado em predar o bolso dos motoristas atrás de uma "gasosa" do que em dar um mínimo de ordem à situação. A franqueza da abordagem dos representantes da lei chega a surpreender.


Numa tarde, já estava há horas parado no trânsito, debaixo de um calor sufocante, pacientemente respeitando minha faixa enquanto carros ao meu redor levantavam nuvens de poeira tentando avançar pelas calçadas, pela contramão, pelo acostamento da pista oposta e por onde mais houvesse algum espaço onde fosse possível se mover para a frente, quando um guarda resolveu me parar. Eu era presa fácil, devo admitir. Como a maioria dos estrangeiros, sobretudo a serviço de empresas internacionais, só se aventura pelas ruas em carros com motorista, algumas vezes ainda escoltados por seguranças armados, um branco sozinho num carro, mesmo uma picape detonada como a que dirigia, emprestada por um amigo, atrai um grau elevado de atenção.

Como minha paciência já estava bem esgarçada, assim que abri a janela para falar com o guarda explodi. "Tem carro passando pela calçada, pelo acostamento, pela contramão, mas você resolve parar justamente o único carro que está respeitando todas as regras!" Ele se constrangeu um pouco com a bronca inesperada, mas não se abalou. "Desculpe, mas o senhor poderia fazer uma contribuição para o diretor-geral?" Fiquei sem ação, sem saber se ele estava brincando comigo ou falando sério. Como não havia o menor traço de humor em seu rosto, julguei que era sério. Resmunguei que estava sem dinheiro e ele resignadamente me mandou seguir. Sem ressentimentos.



Continua...






Tuesday, November 10, 2009

Odisseia de Um Brazuca em Luanda - Parte III




Para sorte de Angola, a China vivia o auge do explosivo crescimento de sua economia e precisava de todo o petróleo que pudesse conseguir para manter a máquina a todo vapor. E petróleo Angola tem de sobra. Em troca de acesso irrestrito a essas reservas, os chineses ofereceram ao governo angolano um pacote de reconstrução de alguns bilhões de dólares. Hoje, Angola é o maior fornecedor de petróleo da China.

O exato montante da ajuda chinesa, como qualquer número em Angola, é difícil de descobrir. Oficialmente falam-se em US$ 5 bilhões, mas em círculos diplomáticos comenta-se sobre mais outros nove bilhões extra-oficiais.

Parte da ajuda financeira está sendo fornecida diretamente em serviços. São trabalhadores chineses que estão reconstruindo boa porção da infra-estrutura do país. A velocidade do trabalho deles é impressionante. Os canteiros de obras parecem funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana. Em Luanda, é inevitável esbarrar num grupo de chineses trabalhando em algum buraco no chão. A qualidade do trabalho, no entanto, não tem impressionado tanto.

Num domingo de março fui ao principal estádio esportivo de Luanda, o da Cidadela, recém-saído de uma reforma de milhões de dólares feita pelos chineses, para assistir à final do campeonato angolano de basquete. A primeira ida a uma Copa do Mundo da seleção nacional de futebol, na França, tornou o esporte imensamente popular no país, mas é o basquete que realmente mexe com a paixão dos torcedores locais. E o jogo era o maior clássico angolano: Petros contra o 1º de Agosto, clubes que praticamente dividem entre si a seleção local de basquete, considerada uma das dez melhores do mundo.

O ambiente parecia de Fla x Flu no Maracanã, e os times não decepcionavam suas torcidas. O ritmo da partida era de tirar o fôlego, com o Petros dominando o placar desde o início. No último quarto, o 1º de Agosto começou a tirar a diferença, que já tinha chegado a 18 pontos e, faltando quatro minutos para o final, conseguiram uma cobrança de lance livre que finalmente poderia colocá-los em vantagem. Nesse exato momento um forte temporal desabou sobre a cidade. A primeira cobrança empatou o jogo. A segunda não chegou a ser cobrada. Uma enorme goteira despejou uma forte cachoeira exatamente sobre a cesta onde o arremesso seria feito, alagando a quadra e interrompendo o jogo.

Saindo do estádio, tentando arrumar um caminho seco até o carro em meio ao enorme lago em que o estacionamento se transformou, pude ouvir uns torcedores comentando: "O melhor fiscal de obras é a chuva".

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, mas pode possuir as maiores reservas do continente, caso se confirmem as suspeitas de que uma camada de pré-sal nas águas profundas ao longo de sua costa norte abrigue um reservatório semelhante ao gigante campo de Tupi, que os brasileiros acabam de descobrir na Bacia de Santos.

No mundo do petróleo gosta-se de dizer que Angola não é uma Nigéria, hoje o maior produtor africano e símbolo maior da chamada maldição do petróleo, fenômeno em que as enormes riquezas extraídas do subsolo não se traduzem em uma melhora na vida das populações dos países produtores, apenas na vida de seus líderes.

O principal motivo para a distinção é a Sonangol, empresa estatal que controla o setor no país. Ao contrário de seu equivalente nigeriano, e em contraste com o resto da máquina pública, a petrolífera angolana funciona como uma agressiva empresa global, competitiva e em plena expansão internacional, a ponto de suas investidas pelo setor bancário português já estarem causando preocupação ao governo do ex-poder colonial. Seus técnicos são reconhecidos como extremamente competentes na negociação dos contratos com as empresas multinacionais que exploram os campos de óleo e gás angolanos, e a empresa a cada dia se aventura por mais setores da economia local, não se limitando apenas ao petróleo e seus derivados.

No quesito corrupção, angola e nigéria se igualam, dividindo um vergonhoso 147º lugar (de um total de 179) no ranking dos países menos corruptos do mundo compilado pela organização Transparência Internacional. Mas enquanto na Nigéria o destino nebuloso dos rendimentos do petróleo está levando o país a uma perigosa instabilidade, com a ação de grupos armados na principal região produtora de petróleo freqüentemente afetando a produção, que diminui ano a ano, a ponto de levar algumas empresas produtoras estrangeiras a repensar seus investimentos no país, Angola vive um período de incrível estabilidade política.





Continua... 



Monday, November 9, 2009

Odisseia de Um Brazuca em Luanda - Parte II

A situação é tão absurda que demoro a entendê-la. Por precaução, não saio do carro nem desligo o motor, discretamente engrenando a marcha a ré para o caso de necessidade de uma saída rápida. E, aos poucos, a ficha começa a cair.
 
Ao ultrapassar o senhor em uma curva larga e de trilho indefinido, em meio a inúmeros buracos e de forma um pouco ousada - coisa absolutamente normal no trânsito feroz de Luanda, onde aproveitar uma oportunidade pode significar uma diferença de horas na duração da viagem - na estrada sem asfalto e encharcada pela chuva que vai do Roque Santeiro ao centro da cidade, passei numa poça de lama, que, acidentalmente, respingou no carro do senhor da imigração. Como ele viajava, apesar da chuva, com todas as janelas abertas, a lama sujou sua camisa. Indignado, ele partiu de forma suicida em minha perseguição, saltando sobre crateras que poderiam facilmente destruir seu veículo, e nisso acabou fazendo o mesmo que fiz com ele com os passageiros do candongueiro, que também viajavam de janela aberta enquanto atravessavam o mar de lama.

Todos queriam que eu desse dinheiro para comprarem sabão em pó, evocando a popular marca, e lavarem suas roupas, apesar de eu haver sujado apenas o senhor. Minha primeira reação foi pensar em dizer que no meu país quem não quer se sujar enquanto trafega por uma rua coberta de lama fecha a janela, mas o humor dos meus interlocutores não parecia dos melhores. Acabei apenas me desculpando, educadamente, com o senhor, mas me recusando a dar qualquer dinheiro. Para o pessoal do candongueiro informei que o problema deles não era comigo, e sim com o guarda da imigração que os encheu de lama. O senhor se resignou e pediu, então, que eu o acompanhasse até seu serviço para explicar a seu chefe que o fato de ele chegar com o uniforme sujo no trabalho era culpa minha e não resultado de seu desleixo. Mas o povo do candongueiro queria confusão.

Em luanda tem que se estar preparado pra tudo. A cidade está no coração da transformação radical pela qual Angola está passando, e o ritmo dos acontecimentos desnorteia qualquer um, sobretudo os que não estão se beneficiando do processo.

Desde 2005, a economia angolana é a que mais cresce na África, a uma média de impressionantes 17% ao ano. Para este ano a estimativa é de 23%, número de fazer inveja à China em seus melhores momentos. Luanda, a capital, é hoje uma das cidades mais caras do mundo e sua paisagem está sendo drasticamente redefinida por um boom imobiliário. Conseguir lugar em qualquer vôo internacional em direção ao país só com uma boa antecedência. Os melhores hotéis só têm quartos disponíveis para o ano que vem.

Isso em uma nação que até 1990 era dominada por um sistema comunista ortodoxo e que desde sua fundação, em 1975, até 2002 viveu uma permanentemente guerra civil, que matou cerca de 1,5 milhão de pessoas, expulsou de suas casas um terço da população, hoje girando em torno de 15 milhões de habitantes, e deixou o maior número de minas terrestres que o mundo já utilizou num único conflito espalhadas pelo interior do país.

Entender exatamente o que se passa em Angola é tarefa bastante difícil. A primeira dificuldade é que há muito poucos números disponíveis. A cultura de poder em Angola ainda é a de guerra, onde qualquer informação pode servir de arma ao inimigo - e qualquer um fora de suas fileiras é um potencial inimigo. Autoridades raramente falam com jornalistas e as contas públicas são tratadas como segredo de estado, para desespero de organizações internacionais como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional.


Continua....

Odisseia de Um Brazuca em Luanda - Parte I

Artigo da autoria de André Vieira, um turista brasileiro que viveu um pouco do dia a dia de Luanda e que contado aqui até parece um filme de Hollywood.


Nova Angola

Por André Vieira

Depois de séculos de exploração colonialista e décadas de guerra civil, o país comunista tornou-se capitalista sem mudar de governo. Segundo maior produtor de petróleo da África, é a economia que mais cresce no continente. Mas em Luanda, uma das capitais mais caras do mundo, o caos ainda reina

 No fim de uma manhã chuvosa de sábado, dirijo a detonada picape de um amigo voltando do Roque Santeiro, o mais importante mercado público de Luanda, capital de Angola. De repente, um carro pequeno emparelha contra o meu, querendo me empurrar para fora da pista. Olho meio estarrecido para o louco. Seria mais fácil eu mandá-lo para o alto de um poste com uma fechada do que ele amassar meu pára-lama. Mas, em vez de gritar impropérios, ele gentilmente me pede para encostar o carro e conversar. Isso, aliado à minha incorrigível curiosidade, me desarma. Acabo parando.

Mal encosto o carro para saber o que queria o senhor camicase e um candongueiro, as vans azuis e brancas que são o transporte público de Luanda, também enlouquecido, pára atravessado à minha frente e seus ocupantes saem gritando comigo e com o senhor do carro que me forçou a encostar. "Ô branco, vai dar dinheiro pra gente comprar Omo, Omo!", grita de forma agressiva o mais exaltado passageiro, dirigindo toda sua fúria apenas contra mim.

Enquanto isso, o motorista do carro que me encostara, um senhor de seus 50 anos, ainda mantendo a educação, me mostra com a cara mais desconsolada do que irritada a camisa branca de seu uniforme de guarda de imigração respingada de lama. "Como é que vou trabalhar assim?", pergunta.

A situação é tão absurda que demoro a entendê-la. Por precaução, não saio do carro nem desligo o motor, discretamente engrenando a marcha a ré para o caso de necessidade de uma saída rápida. E, aos poucos, a ficha começa a cair.

Ao ultrapassar o senhor em uma curva larga e de trilho indefinido, em meio a inúmeros buracos e de forma um pouco ousada - coisa absolutamente normal no trânsito feroz de Luanda, onde aproveitar uma oportunidade pode significar uma diferença de horas na duração da viagem - na estrada sem asfalto e encharcada pela chuva que vai do Roque Santeiro ao centro da cidade, passei numa poça de lama, que, acidentalmente, respingou no carro do senhor da imigração. Como ele viajava, apesar da chuva, com todas as janelas abertas, a lama sujou sua camisa. Indignado, ele partiu de forma suicida em minha perseguição, saltando sobre crateras que poderiam facilmente destruir seu veículo, e nisso acabou fazendo o mesmo que fiz com ele com os passageiros do candongueiro, que também viajavam de janela aberta enquanto atravessavam o mar de lama.

Todos queriam que eu desse dinheiro para comprarem sabão em pó, evocando a popular marca, e lavarem suas roupas, apesar de eu haver sujado apenas o senhor. Minha primeira reação foi pensar em dizer que no meu país quem não quer se sujar enquanto trafega por uma rua coberta de lama fecha a janela, mas o humor dos meus interlocutores não parecia dos melhores. Acabei apenas me desculpando, educadamente, com o senhor, mas me recusando a dar qualquer dinheiro. Para o pessoal do candongueiro informei que o problema deles não era comigo, e sim com o guarda da imigração que os encheu de lama. O senhor se resignou e pediu, então, que eu o acompanhasse até seu serviço para explicar a seu chefe que o fato de ele chegar com o uniforme sujo no trabalho era culpa minha e não resultado de seu desleixo. Mas o povo do candongueiro queria confusão.

Em luanda tem que se estar preparado pra tudo. A cidade está no coração da transformação radical pela qual Angola está passando, e o ritmo dos acontecimentos desnorteia qualquer um, sobretudo os que não estão se beneficiando do processo.

Desde 2005, a economia angolana é a que mais cresce na África, a uma média de impressionantes 17% ao ano. Para este ano a estimativa é de 23%, número de fazer inveja à China em seus melhores momentos. Luanda, a capital, é hoje uma das cidades mais caras do mundo e sua paisagem está sendo drasticamente redefinida por um boom imobiliário. Conseguir lugar em qualquer vôo internacional em direção ao país só com uma boa antecedência. Os melhores hotéis só têm quartos disponíveis para o ano que vem.

Isso em uma nação que até 1990 era dominada por um sistema comunista ortodoxo e que desde sua fundação, em 1975, até 2002 viveu uma permanentemente guerra civil, que matou cerca de 1,5 milhão de pessoas, expulsou de suas casas um terço da população, hoje girando em torno de 15 milhões de habitantes, e deixou o maior número de minas terrestres que o mundo já utilizou num único conflito espalhadas pelo interior do país.


Continua....

Saturday, October 24, 2009

Qualidade do Jornalismo Angolano

A varios anos que venho acompanhando varios sites de noticias Angolanos. Alguns destes sites ao longo destes anos fizeram varias mudanças; algumas destas mudanças resultaram em melhorias imediatas na qualidade graficas e de conteúdo, em outros casos ouve até mesmo troca de dominios, mas em ainda outros tantos as mudanças parecem que foram menos agradaveis.

 ANGOP
 A começar pelo portal da agencia nacional de noticias, apesar de ter mais conteúdo agora em relação a versão anterior do site e estar relactivamente mais rapida a navegação pela mesma, o aspecto grafico continua não sendo muito agradavel. Há uma certa ma gestão do espaço fisico da pagina, concentração de conteúdo em espaço reduzido e popups incomodos. A pesquisa é muito pouco eficaz evidenciando uma base de dados não muito bem organizada. E o próprio aspecto conteúdo das noticias deixa o leitor muitas vezes frustrado por quanto a noticia em muitos casos não revelar as varias vertentes do assunto em abordagem. No entanto notam-se varios aspectos positivos no portal, como por exemplo a secção de informações e o facto de as noticias serem actualizadas em curto espaço de tempo.

JORNAL DE ANGOLA
A nova pagina esta muito mais simples e facil de navegar em relação a anterior. No entanto é preciso que se diga que para um orgão como o Jornal de Angola a pagina esta com uma qualidade demasiadamente basica. Todas secções têm exactamente o mesmo template. Variam alguns conteúdos mas a disposição e arranjo dos elementos das paginas são os mesmissimos. Em termos de conteúdo, são muito rara as vezes que se encontram noticias originais. Na maior parte dos casos são peças retomadas da Angop ou de um outro orgão de informação internacional. no entanto vale sempre a pena dar uma olhada nas paginas do Jornal de Angola, desde que não se tenha passado antes pela da Angop.


ANGONOTICIAS
Apesar de não ser uma pagina que produz noticias, mas apenas de reprodução, a pagina do Angonoticias é irrefutavelmente uma das principais paginas nacionais. Os conteúdos são periodicamente actualizados e a pagina é super leve. Para além deste factor, o que torna popular esta pagina é o facto de servir de forum de discussão e em geral sem sensura. De lamentar o facto de limitar a sua fonte em orgãos oficiais como o Jornal de Angola, Angop e RNA, e apenas um ou dois privados quando existem muito mais orgão de informação que produzem conteúdos interessante.

Artigo a continuar...



Sunday, September 13, 2009

Gente de Quem se Fala


A dias recebi uma mensagem quando me encontrava offline no messenger. A mensagem era de meu velho colega de curso Celso Gomes a encorajar-me a continuar com este blog. Talvez para muita gente, Celso Gomes é apenas um simples nome, um illustre desconhecido. Mas para outros tantos, Celso é uma referencia, um icone de que todos os estudantes de Geofisica e não só deveriam se orgulhar.

Conheci Celso, era ainda caloiro na Faculdade de Ciências. Na altura existia um nucleo de estudantes de Geofisica e Celso fazia parte deste nucleo. A SEGUAN, como era conhecido o nucleo, procurava congregar os estudantes de Geofisicas da UAN, divulgar a actividade dos Geofisicos, importância do curso e estreitar relações com outras organizações congeneres junto da industria local e a nivel mundial. Celso não era o presidente, mas era um dos varios membro activos da SEGUAN. Na altura ele deveria estar ja no 3.º ano do curso. E o Departamento passava por varias dificuldades. Na verdade a geração dele foi das primeira do Departamento de Geofisica. Existia anteriormente o curso de Geofisica na faculdade, mas apenas como uma especialidade dentro do curso de Geologia. Mas com o professor Boavida e outros tantos estudantes, o curso de Geofisica conseguiu separar-se de Geologia e tornar-se num Departamento autonomo.


A verdade é que a batalha para a independencia da Geofisica não foi facil. Foram precisas muitas noites de vigilias. Celso e outros colegas da Geologia participaram desta pressão a Faculdade e a Universidade. E mesmo depois de se lhes ter cedido a vontade, os aposentos a que lhes foi dado, eram antigas arrecadações no 4.º andar do predio da TAP, que mais pareciam armazens nas barrocas da Boa Vista. Foi este grupo de estudantes do qual Celso fazia parte, liderados pelo prof. Boavida que transformou aquela espelunca no que é hoje: motivo de orgulho para os estudantes que por lá passaram, e referencia para o país que tem finalmente formado quadros em um ramo de que a industria muito carece.

Mas as minhas memorias em relação ao Celso não se esgotam por ali. No ano seguinte a minha entrada na Faculdade, Celso era aluno do 4.º ano e a Faculdade debatia-se com o problema do fraco associativismo juvenil. Na verdade a Associação de Estudantes havia desaparecido fazia algum tempo. E Celso havia decidido de que ele podia de alguma forma contribuir para relançar a mesma. Por esta altura criou-se na Faculdade uma Comissão que deveria restruturar a Associação e criar condições para as eleições. Fui convidado a fazer parte da Comissão Eleitoral como vogal. Não obstante a minha posição na Comissão, era tambem o delegado de turma dos Geofisicos no 1.º ano e havia sido releito no 2.º ano. Como Geofisico era de meu interesse e de todos os estudantes do Curso, de que Celso fosse eleito. Por aquela altura existia uma corrente tal de solidariedade entre os Geofisicos, ao ponto dos estudantes do 1.º ao 5.º ano conhecerem-se todos.

Estavamos em vespera das eleições, e Celso ja havia oficialmente manifestado sua vontade de concorrer. Como Geofisico agradava-me a ideia de ter um colega na liderança, mas no entanto pesava-me a consciencia saber que este mesmo colega depois de tomar as pastas não poderia levar o seu mandato até ao fim por que iria terminar a sua formação muito antes do mandato. Em parte a situação da Associação havia se degradado exactamente pelo mesmo motivo em relação a presidência anterior. Solicitei ao Celso uns minutos para que conversassemos sobre o assunto. De pronto o jovem acedeu, marcamos o dia e na data marcada fui la ter com ele. Encontrei-o na pequena varanda da cozinha do Departamento, sentado na sua cadeira de girar e com um ar altamente oficial. Fez questão de levantar-se a minha chegada e convidar-me a sentar a mesa. Após aquele gesto e semblante de meu interlucutor, dei conta do quão sério era o assunto de que iriamos tratar.

Por cerca de 30 minutos, Celso debateu comigo os motivos porque acreditava que a candidatura dele era importante e o porque não achava que a Associação deveria cair na letargia após o termino da sua licenciatura. Definitivamente os argumentos que ele usou em relação as linhas de força com que cozeria o seu mandato foram suficientemente convincentes. De facto fiquei impressionado. No entanto mantive a minha reserva em relação ao timing. Poucas semanas depois, em uma disputadissima eleição Celso ganhou o cadeirão. Nos meses seguintes notou-se muito empenho e dedicação por parte dele e de sua direção. A sede da Associação foi adquirida e apetrechada. O jornal O Cientista foi relançado, na sua versão de placard informativo e tambem na sua versao de jornal de ciculação(apesar de que esta ultima so viu a luz do dia por duas vezes). Por esta altura dão-se as várias greves na Universidade e a Faculdade de Ciencias tornou-se um dos bastiões da resistência dos estudantes contra a mesma. Celso, Paulo Aguiar e os representantes da Associação de Estudantes das Faculdades de Medicina juntaram-se a liderança dos representantes dos estudantes do ISCED na mobilização dos protesto dos Estudantes. Todas estas actividades marcaram os pontos altos da liderança de Celso. Mas felizmente para ele, e infelizmente para o associativismo na Faculdade de Ciencias, conforme previa, Celso terminou a licenciatura e graças ao seu brilhantismo como estudante, os patrocinadores de sua bolsa de estudo pretenderam que ele deefendesse prontamente e continuasse seu mestrado no exterior do país.

Celso defendeu a tese de sua licenciatura, abandonou a faculdade e seus adjuntos a frente da Associação foram incapazes de dar continuidade ao bom trabalho que se estava a desenvolver. Em pouco tempo deixou de ouvir-se falar em Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências. A porta da associação permaneceu trancada por mais de um ano enquantoos restantes membros da Associação abandovam a faculdade a medida em que iam defendendo as suas teses.

Celso a mais de 2 anos que terminou seu mestrado em França e encontra-se ja de regresso ao país a servir a companhia Total. Apesar de não ter terminado seu mandato a frente da Associação de Estudantes da FACUAN, Celso torna-se uma referencia entre os estudantes pela sua dedicação ao associativismo e pelo seu desempenho academico. Em ambos os campos Celso revelou-se competente facto que nos nossos dias torna-se cada vez mais raro. Alunos brilhantes não estão interessados em desempanhar actividades nas associações juvenis bem como são muitos aqueles os que vêm nas associações portas de escapatoria para o seu fraco rendimento academico.

Sunday, August 30, 2009

Meu amigo ladrão sorridente

Ja la vão varios anos desde que conheço João Quingaia. Ja nem sequer me lembro se fomos apresentados ou se por alguma casualidade nossos caminhos cruzaram-se, mas a verdade é que ja la vão varios anos desde que nos conhecemos. Foi algures nos finais dos anos 2000, quando a figura franzina de Quinguaia cruzou minhas vistas. Na verdade eu também não passava de outro franzino, mas é curioso que quando pela primeira vez dei com as minhas vistas por cima dele, fixei logo o aspecto dele fisico e tentei mentalmente buscar a figura que minha mente teimava em relacionar com a dele.

Poucas horas depois, dei por mim a sorrir descontroladamente, alto e em bom som, sem que meus companheiros da circunstancia pudessem perceber do que se tratava. Sim, João Quinguaia era a cara do Ladrão Sorridente. Era assim que passei a chamar-lhe até que finalmente pude memorizar o nome dele real. Li pela primeira vez sobre esta personagem da banda desenhada em um pedaço de revista em quadradinhos, que por algum motivo foi parar em minhas mãos. Naquela altura as revistas em quadradinhos faziam moda. Mandrake, talvez não era meu personagem favorito, mas o caso do ladrão sorridente me pareceu muito interessante. Tão interessante que passado varios anos ainda pude relacionar a imagem daquela figura ao meu amigo Quinguaia.

Na verdade Quinguaia não é nenhum ladrão e se calhar não tem nenhum sorriso estampado permanentemente no seu rosto. Mas de alguma forma o primeiro sorriso dele esteve muito proximo do sorriso do ladrão. Mas isto não impidiu de que entre nós se criasse uma bela amizade. Por muitos anos Quinguaia partilhou comigo o gosto pela leitura e escrita. Trabalhamos juntos no Jornal mural e juntos também vivemos algumas aventuras da nossa adolescencia e juventude.

Hoje Quinguaia é um respeitado chefe de familia e oficial das forças armadas, mas ainda assim não deixo de recordar-me dele como o LADRÂO SORRIDENTE.

Wednesday, August 26, 2009

Os bons tempos não se foram

Ja la vão varios anos desde que pela primeira vez plantei um papel em um placard mural. Nesta altura faziamos um pequeno jornal mural na capela de Santo Inácio, talvez não muito informativo, mas ainda assim conseguiu conquistar seu espaço entre os adolescentes e jovens. Não é que alguma vez tivesse apreendido como elaborar um jornal mural ou escrever para o publico, mas o desafio de fazer-lo foi muito mais interessante do que questionar a mim mesmo até que ponto estava preparado para tal.

Na altura ja se fazia jornal mural em Santo Inacio, e Carlos Cardoso “Carlitos” ja era um dos jovens mais activos da comunidade. Por indicação de um seminarista, Carlitos veio ter comigo e disse que não existia outra pessoa em Santo Inácio que pudesse tornar aquela primeira edição do placard informativo que havia sido feito em alusão as festividades do padroeiro do centro, um jornal se não eu. Claro que ele so poderia estar exagerando, mas a verdade é que ele queria ver-me mais envolvido nas actividades do Centro e definitivamente encontrou algo porque me amarrar.

Poucas semanas depois, com o apoio de Elizeu Q, reunimos uma pequena equipe que tornou-se no então corpo editorial do Jornal Mural. A primeira edição soou que nem uma bomba. Não se estava habituado no centro a ter jornais murais que que elaborassem artigos. Até aquela altura, jornais murais eram mais a base de recortes e adornos. Mas para quebrar a monotomia, o novo mural aparece com textos originais e computarizados em vez de dactilografados. E mais ainda, com artigos sobre a realidade do centro envolvendo gente que todos na comunidade conheciam.

Mas se calhar nada gerou mais conversa naquelas semanas, como foi o editorial daquela edição. No editorial eu chamava atenção a crise de liderança juvenil no centro, procurei relacionar tal assunto, ao facto das gerações anteriores não terem sido capazes de traçar um certo programa de continuidade que viabilizasse a continuidade do activismo juvenil e organizativo que era caracteristico em Santo Inicio no final da decada de 80 e principios de 90. É bem verdade que na altura eu era um fedelho, mas ainda assim pude maravilhar-me com as espectaculares tardes recreativas, presenciar os Kotas sairem para as mais faladas excursões ou ainda ouvir os padres comentarem o sucesso que foi esta ou aquela actividade dos jovens de Santo Inacio em outras paroquias.

Confesso que de inicio fiquei assustado quando os kotas das diversas gerações que eu mencionava nos editorias mandavam recados para que me disponibilizasse a sentar-me com eles. Mas a verdade é que a partir de tais conversas pude entender melhor certos aspectos do associativismo juvenil e continuar dando meu apoio. Kota Mario foi um dos que desde a primeira hora procurou-me. Sentou-se comigo, justificou-se e esclareceu que da geração dele a geração do Paixão (que ao fim ao cabo é a mesma) a transição funcionou perfeitamente. Já o Paixão, disse o mesmo em relação ao ter passado as pastas aos Carlitos, Diogoas e Elizeus. Mas a verdade é que na faze em que eu me refiro, por ali entre 1995 a 1998 existia uma grande ausencia de associativismo juvenil em Santo Inacio. No entanto, não sei até que ponto estas conversa e escritos influenciou alguma coisa, mas a verdade é que por esta mesma altura as coisas começaram a recompor-se.

Basicamente existiam apenas o grupo dos Acólitos, a Cruzada e estava a nascer o grupo do MEJ. O grupo do MEJ, ao meu ver foi um dos maiores impulsionadores da nova era da juventude de S.I. Primeiro porque apesar de ser liderado por um jovem que na altura não tinha experiencia nenhuma em associativismo juvenil, conseguiu congregar muita daquela juventude que estava de saida da igreja. De saida porque na maior parte das vezes, depois de frequentarem a catequese, a maior parte dos jovens após uns poucos anos ou semanas de regularidade na missa, pura e simplemente desaparecia da Igreja. Portanto Eliseu Quituxi fez um excelente trabalho ao procurar convencer estes jovens a enquadrar-se no grupo do MEJ. E mais, o grupo do MEJ na altura acolhia a maioria dos jovens que tinham instrução ao nivel do esino médio, o que por si elevava o debate no grupo a um nivel interessante.

Talvez inspirados pela mesma popularidade do grupo do MEJ, surge pouco tempo depois o Grupo do Protocolo, que poucos anos depois mudou sua denominação para grupo do Acolhimento. O surgimento deste grupo tem tambem uma historia muito interessante, envolvendo uma disputa eleitoral muito conturbada mas que veio trazer outra dinamica ao interesse na liderança juvenil. Não poderia deixar de mencionar aqui a existência do grupo coral juvenil, que apesar de todas estas situações sobreviveu, apesar de reduzido a grupo feminino por aquela altura. Vozes como da Jú, Marlene, Milena e Lina animaram as manhas de domingo e noites de missa solene com a mesma doçura e beleza até terem sido “reformadas”.

Esta dinamica toda que aconteceu por volta dos anos 97 e 98 propriciou a revitalização do grupo dos jovens, uma vez que a juventude estava novamente de volta ao centro. No entanto os factos seriam omitidos se não mencionasse o grande esforço do Manuel com o seu “Mano Show”... Mas sobre isto preciso escrever um outro artigo porque me pare que as origens destas actividades passa por mencionar os grupos jovens de oração e outras actividades. Mas a certeza que fica é que após uma certa crise no associativismo juvenil, os jovens de Santo Inácio poderam resurgir e nomes como, Carlitos, Elizeu, Diogo e Mano não podem de forma alguma ser omitidos.

Monday, August 24, 2009

Mais Umas Ferias Foram-se



Estou de volta a minha casa.

Casa?

Na verdade não é propriamente isto, mas dado que a mais de três anos vivo distante de casa, devo assumir Texas como sendo minha casa. Estou vindo de ferias de verão pelo velho continente depois de um semestre de verão pesado. Foi interessante ter mais uma vez estado em Lisboa, encontrar-me com familiares velhos e novos amigos. Talvez a estadia foi curta demais, mas pelo custo de vida na Europa, nunca é facil manter-se com as pouquissimas poupanças de um simples estudante universitário.

É incrivel como para uma Coca Cola (simplesmente Cola como se diz por lá) o individuo tem de desembolsar $1.5 Euros, quando a lata nem sequer tem 33 centilitros. Para o mesmo producto e com o tamanho de 33 centilitros nos EUA paga-se cerca de $0.75 dolares apenas. Se convertido em Euros, a Coca Cola em EUA custa qualquer coisa como $0.50 Euros, ceus!!!!! Isto é 3 vezes mais barato. Nem em Angola a mesma marca de refrigerante custa assim tão caro. Porque será?

Nestes assuntos de economia talvez seja melhor eu me afastar por enquanto, mas a verdade é que quando se tem algum dinheiro nos bolsos Portugal é um paraiso para os amantes da boa gastronomia. Disto não tenho duvidas. Desde os suculentos bifes aos mais exoticos pratos de bacalhau. Talvez seje este o segredo porque os Portugueses fazem parte das estatisticas como um povo com notável longevidade. Em muitas vilas e cidades Portuguesas, quase não se encontram jovens vivendo, apenas velhos com médias de idade muito proximo dos 70. Este facto é realmente interessante porque até, a maior parte da população Portuguesa é pobre. Talvez não vivendo nos limites da pobreza conforme acontece com a maioria da população Angolana. Mas a verdade é que os Portugueses são povos de posse humilde. A propria arquitectura das cidades espelha isto. em Plena Lisboa não se vislumbram arranha-ceus, nem predios de arquitectura luxuosa. Antes pelo contrario, a grande Lisboa é um contraste de predios centenarios e modestos edificios modernos.

No entanto, tal simplicidade não tira o encanto de Lisboa. Penso que Lisboa é uma cidade funcional. É eficiente com os seus meios de transporte publicos e esta antiguidade toda a volta da cidade torna-a um destino turistico muito frequentado. Pelas ruas de Lisboa fala-se muito espanhol e inglês para além do obvio português. Pelos restaurantes é notorio a presença de estrangeiros a abarrota-los. Ve-se familias inteiras de Ingleses a tirar a barriga da miseria do que é a culinaria britanica. Ve-se Americanos a desejar que Portugal fô-se ali ja na esquina do Texas. Mas por mais que se queira falar bem de Lisboa, a realidade dos emigrantes acaba sempre saltando a vista.

É bem verdade de como Portugal é um país pobre, que precisa combater varios problemas sociais que afectam sua população. Mas também é verdade que a discriminação social em relação aos emigrantes e sobretudo Africanos ainda é por demais evidente. Quase não se vê Africanos ou seus descendentes em posições de destaque nas repartições Portuguesas. Africanos continuam sendo mãos de obra barata para os empregos de serviçais e ajudantes em obras de construção civil. Continuam sendo os tais homens e mulheres da limpeza, os tais que de posições intermedias não passam por mais habilitações que tenham. O contraste é tão evidente, ao ponto de jovens formados na mesma Universidade e muita das vezes colegas de turma, a distinção na hora da atribuição do tão concorrido posto de emprego, acaba de alguma forma, mesmo não escrita, recaindo na cor da pele, ou origem. Faça esta analíse sentido ou não, a verdade é que Povos vindo do Brasil, agora com os tais acordos de isenção de visto entre Brasil e Portugal, têm tratamento completamente diferenciado. De 2008 ao presente, a presença de Brasileiros na sociedade Portuguesa se faz sentir com tal notariedade que não tem como não chamar a atenção para o contraste em relação aos Africanos e seus descendentes que apesar do suporte e acolhimento que dão aos Portugueses nos seus países não merecem das mesmas oportunidades.

Talvez seje este ultimo um assunto que tem as suas raizes e justificações em questões politicas, mas a verdade é que não pude deixar de analisar estes pequenos detalhes enquanto me reclino sobre a poltrona do meu assento neste voo de regresso a “casa”.


Thursday, July 23, 2009

Acesso a Informação em Angola



São bastas as vezes em que nos defrontamos com a necessidade de investigação. A internet é sem duvida a ferramenta que simplifica o processo de pesquisa. Na velocidade de um simples click cai na disposição das mentes avidas de informação centenas de milhares de fontes de informação. Em países em que o acesso a centros de pesquisa é limitado a internet sobrepõe-se ao dever das instituições de direito em providenciar tais acessos.

No caso concreto de Angola, em que as bibliotecas públicas são practicamente inexistentes e os centros de investigação não produzem resultados visiveis, a internet é sem sombras de duvidas uma fonte primária de pesquisa de informação. No entanto o facto de a internet, como bem fisico, por si só não produzir informação mas sim depender de informações produzidas e postadas online, levanta o paradoxo da falta de informação nacional. Basicamente não existe informação util sobre Angola postadas por instituições nacionais. O pouco que se pode pesquisar sobre Angola é na maior parte das vezes postado por fontes de informações estrangeiros e em linguas estrangeira. Paginas como da Agencia Central Norte Americana de Inteligencia (CIA), Wikipedia ou mesmo Infoplease, fornecem muito mais informações actualizadas sobre Angola em relação a qualquer outro portal ou pagina nacional. A verdade é que muito raramente as paginas institucionais em Angola funcionam. Algumas são exageramente pesadas, levam uma temporada para processar ou actualizar, e outras simplesmente não abrem. Mas ainda assim, as poucas paginas que parecem estar no ar, são quase que desprovidas de informação util ou actualizadas.

O proprio portal do governo, tem na sua maioria links que não funcionam, ou paginas desprovidas de informação no verdadeiro sentido da palavra. E como se não bastasse, o portal é tão complexo de navegar que no final de um par de cliks o usuario ja nem sabe onde está, como lá foi parar e como voltar para uma pagina em que esteve anteriormente. Penso que é urgente que as instituições revejam o papel das tecnologias de informação não só dentro das suas organizações mas no contexto global. Porque uma sociedade informada e organizada produz muito mais do que uma sociedade ignorante, mas no entanto é preciso tambem que as instituições se organizem no sentido de não só produzirem informação mas deque possam distribui-las oportunamente e com qualidade.

Wednesday, July 22, 2009

Porque Deste Blog

Blogs, twitter, facebook e paginas pessoais fazem moda nos dias de hoje. Cadeias de noticias fazem uso destas ferramentas para multiplicar suas fontes de noticia. Celebridades para se darem a conhecer mais e manter seus fans actualizados. Companhias, para manter actualizado seus clientes sem que tenham a necessidade de manter carissimas paginas e equipamentos. Mas porque razão estarei eu a criar esta pagina? Pergunta legitima a qual me debruço agora sem mesmo ter uma pronta resposta.

A verdade é que nos dias de hoje o acesso a informação tornou-se mais facil ao mesmo tempo que a necessidade de expor nossa opiniao a respeito dos assuntos candentes do dia a dia se faz presente. Muitas são as vezes que lemos um artigo, ouvimos uma noticia, ou tão simplesmente temos uma conversa sobre a qual pensamos argumentar ou tão simplesmente partilhar com outros. Penso que este espaçõ poderá servir para este efeito. Neste blog irei postar assuntos de meu interesse, minhas opiniões e pontos de vista.