Sunday, December 6, 2009

Moçambique desmente e confirma estigmas sobre África, dizem brasileiros -- Parte I

Texto sobre um casal brasileiro que decide fazer a sua vida em Moçambique, que apesar de ser um país que conhece muito bem o Brasil, surpreende os autores do texto porque em geral os brasileiros têm um desconhecimento total de Moçambique.

O texto chamou-me a atenção pelo facto de conviver com muitos brasileiros que dizem a mesma coisa em relação a Angola. Eles quase não sabem nada sobre Angola, inclusive surpreendem-se ao saber que os Angolanos falam portugues. Publicarei este texto em varias partes, sendo esta a parte I.

Quando anunciaram que estavam fazendo as malas e que iam deixar São Paulo para viver em Maputo, o casal Gabriel, 30, e Thaís Ferreira, 25, viram familiares e amigos assustados com o destino. “A maioria dos nossos amigos não sabia nem onde ficava no mapa”, lembra ela.



Hoje, um ano e meio após ter desembarcado, três meses depois do marido, na capital de Moçambique, ela se pergunta por que o país da costa oeste africana, ex-colônia portuguesa, é tão desconhecido dos brasileiros.


“Eles conhecem muito do Brasil pelas novelas, o futebol, a música, e nós não sabemos nada sobre eles. Às vezes a gente sai à noite em Maputo, ouve Nando Reis, e me pergunto se ele imagina que a música dele faz sucesso aqui”, diz a bacharel em relações internacionais.

No entanto, foi mais o acaso e não uma escolha, segundo Gabriel, que levou o casal, junto há sete anos, a viver no país. De volta de uma temporada na Itália, em 2007, Thaís começou a procurar emprego para os dois pela internet e uma agência de publicidade moçambicana se interessou pelo currículo de Gabriel, que é designer gráfico.

Uma vez no país, os dois dizem ter desmentido, mas também confirmado muitos dos estereótipos comuns que se têm no Brasil sobre países africanos. “Maputo é uma cidade urbana. Tem muitos restaurantes, outro universo do resto do país. Não dá pra comparar com São Paulo, mas é diferente. Senti falta da pluralidade, de ter opções. Aqui, por exemplo, só tem dois cinemas e um deles passa o que já passou no anterior”, conta Thaís.

“As pessoas tem uma ideia da África de que não tem nada. Mas tem uma estrutura como em qualquer lugar do mundo. Por outro lado, tem coisas que a gente nem cogita que possam faltar e complicam todo o sistema”, afirma Gabriel. Ele cita como exemplo uma estrada é uma das principais do país, destruída pela cheia de um rio, que levou quase um ano para ser recuperada.

Aos poucos, familiares e amigos também desmistificaram a imagem comum sobre a África. “Eu recebi minha mãe e meu irmão em julho e eles ficaram admirados: não sabiam que a cidade era assim, que tinha parques, restaurante japonês...”, conta Thaís.

Por outro lado, ela conta, alguns clichês persistem: “Nas eleições para presidente, em outubro, saiu uma reportagem dizendo que os eleitores foram votar em um local e não puderam porque [a sessão] foi invadida por um elefante”.

Continua....

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