São 12 horas é meio dia, o transito esta infernal, avança-se tão lentamente
que mais parece um velorio. Os taxistas impacientes vão fazendo faixas de
transito adicionais no passeio e a confusão esta instalada, peões e veiculos
sem respeito uns pelos outros (ou talvez os segundos menos pelos primeiros) vão-se
enfrentando na caotica Avenida Deolinda Rodrigues.
E lá estão também, decorando as ruas com seus artigos que a todo custo vão
tentando impingir aos automobilistas, os vendores ambulantes, que numa
tentativa feroz de sobrevivência enfrentam o sol, transito, fome e o perigo
maior os fiscais. Lá vai a grande confusão de palavras, sons e musicas
estridentes, “Maianga, Maianga ...”, “1.º
de Maio Aeroporto ...”, “Gasosa, a cerveja ...”, “Olha o malaike tira o pé ...”, “Dia
e noite, noite e dia ...” , os mais descuidados vão perdendo os seus
haveres nas paragens e sobretudo os telemoveis.
Ao longe vão-se ouvindo sirenes aflitas uivando fortemente, parece ser uma situação mesmo grave,
comentam os traseuntes pois as sirenes não param, será o mais velho a caminho? De certeza que não olhe que não há tropas
na rua. De facto não se vislumbra nenhum dos milhares de tropas que caracteriza
as deslocações de Sua Excelência, as sirenes estão mais proximas a todo custo
vão avançando, vê-se ao longe as sirenes azuis das carrinhas brancas, oucupando
a faixa de rodagem de sentido contrário obrigando os automobilistas deste
sentido a andarem no passeio, acho que
trazem feridos graves, nota-se agora mais proximos nas carrinhas aflitas, homens
envergando fardas de uma das empresas de segurança da cidade, fortemente
armados com metralhadoras, AKM e granadas, o
que é que se está a passar? Ohh, Não liga! Estes muadies andão sempre mesmo
assim, deve ser a massa dos Boss que eles estão a levar..
Sabe-se agora que é mais um dos habituais movimentos das empresas que
transportam valores. Não é facil entender mais tem sido assim nesta cidade, a
população traumatizada pela guerra é obrigada a ver a todo momento armas de
todos calibres, umas vezes são as empresas de segurança, outras os policias e
com mais impacto a tropa de segurança da presidência.
Para quem enfrentou os confrontos militares que eclodiram por todo o pais
sabe qual é o efeito destas armas, conviver com os homens que as portam no dia-a-dia
em todas esquinas da cidade, com o stress que é a vida na cidade no minimo é
muito constrangedor. Mas porque o sentimento do povo não conta, do povo o que
conta é o voto no momento decisivo, enquanto não for momento decisivo em
primeiro lugar estará a segurança do dinheiro dos Boss e a garantia absoluta da
intimidação dos que um dia ousarem em atentar contra a integridade de quem merece
a segurança acima de tudo e todos.
Março 2005.
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