Monday, August 24, 2009

Mais Umas Ferias Foram-se



Estou de volta a minha casa.

Casa?

Na verdade não é propriamente isto, mas dado que a mais de três anos vivo distante de casa, devo assumir Texas como sendo minha casa. Estou vindo de ferias de verão pelo velho continente depois de um semestre de verão pesado. Foi interessante ter mais uma vez estado em Lisboa, encontrar-me com familiares velhos e novos amigos. Talvez a estadia foi curta demais, mas pelo custo de vida na Europa, nunca é facil manter-se com as pouquissimas poupanças de um simples estudante universitário.

É incrivel como para uma Coca Cola (simplesmente Cola como se diz por lá) o individuo tem de desembolsar $1.5 Euros, quando a lata nem sequer tem 33 centilitros. Para o mesmo producto e com o tamanho de 33 centilitros nos EUA paga-se cerca de $0.75 dolares apenas. Se convertido em Euros, a Coca Cola em EUA custa qualquer coisa como $0.50 Euros, ceus!!!!! Isto é 3 vezes mais barato. Nem em Angola a mesma marca de refrigerante custa assim tão caro. Porque será?

Nestes assuntos de economia talvez seja melhor eu me afastar por enquanto, mas a verdade é que quando se tem algum dinheiro nos bolsos Portugal é um paraiso para os amantes da boa gastronomia. Disto não tenho duvidas. Desde os suculentos bifes aos mais exoticos pratos de bacalhau. Talvez seje este o segredo porque os Portugueses fazem parte das estatisticas como um povo com notável longevidade. Em muitas vilas e cidades Portuguesas, quase não se encontram jovens vivendo, apenas velhos com médias de idade muito proximo dos 70. Este facto é realmente interessante porque até, a maior parte da população Portuguesa é pobre. Talvez não vivendo nos limites da pobreza conforme acontece com a maioria da população Angolana. Mas a verdade é que os Portugueses são povos de posse humilde. A propria arquitectura das cidades espelha isto. em Plena Lisboa não se vislumbram arranha-ceus, nem predios de arquitectura luxuosa. Antes pelo contrario, a grande Lisboa é um contraste de predios centenarios e modestos edificios modernos.

No entanto, tal simplicidade não tira o encanto de Lisboa. Penso que Lisboa é uma cidade funcional. É eficiente com os seus meios de transporte publicos e esta antiguidade toda a volta da cidade torna-a um destino turistico muito frequentado. Pelas ruas de Lisboa fala-se muito espanhol e inglês para além do obvio português. Pelos restaurantes é notorio a presença de estrangeiros a abarrota-los. Ve-se familias inteiras de Ingleses a tirar a barriga da miseria do que é a culinaria britanica. Ve-se Americanos a desejar que Portugal fô-se ali ja na esquina do Texas. Mas por mais que se queira falar bem de Lisboa, a realidade dos emigrantes acaba sempre saltando a vista.

É bem verdade de como Portugal é um país pobre, que precisa combater varios problemas sociais que afectam sua população. Mas também é verdade que a discriminação social em relação aos emigrantes e sobretudo Africanos ainda é por demais evidente. Quase não se vê Africanos ou seus descendentes em posições de destaque nas repartições Portuguesas. Africanos continuam sendo mãos de obra barata para os empregos de serviçais e ajudantes em obras de construção civil. Continuam sendo os tais homens e mulheres da limpeza, os tais que de posições intermedias não passam por mais habilitações que tenham. O contraste é tão evidente, ao ponto de jovens formados na mesma Universidade e muita das vezes colegas de turma, a distinção na hora da atribuição do tão concorrido posto de emprego, acaba de alguma forma, mesmo não escrita, recaindo na cor da pele, ou origem. Faça esta analíse sentido ou não, a verdade é que Povos vindo do Brasil, agora com os tais acordos de isenção de visto entre Brasil e Portugal, têm tratamento completamente diferenciado. De 2008 ao presente, a presença de Brasileiros na sociedade Portuguesa se faz sentir com tal notariedade que não tem como não chamar a atenção para o contraste em relação aos Africanos e seus descendentes que apesar do suporte e acolhimento que dão aos Portugueses nos seus países não merecem das mesmas oportunidades.

Talvez seje este ultimo um assunto que tem as suas raizes e justificações em questões politicas, mas a verdade é que não pude deixar de analisar estes pequenos detalhes enquanto me reclino sobre a poltrona do meu assento neste voo de regresso a “casa”.


3 comments:

ESTAMOS VIVOS said...

Parabéns pelo blog. É um espaço de liberdade apenas limitado pela consciência do ´próprio autor. as constatações sobre a vida difícl dos imigrantes angolanos em Portugal, em contraste com o desafogo dos brasileiros, reflectem as relações desiguais, carentes de reciprocidade, que temos com aquele país. Em Angola as autoridades empunham a bandeira do "relacionamento histórico" e dos "laços de consaguinidade" quando se fala das relações entre os dois países e para justificar um certo favorecimento da imigração portuguesa relativamente à de origem africana, mas em Portugal, pelo que transparece do teu artigo, os angolanos, em geral, "passam mal". Trata-se de uma realidade que não pode ser escamoteada.
I. Cori

Osvaldo victorino said...
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Osvaldo victorino said...

Claramente meu compatriota, amigo, vizinho e acima de tudo primo, a discriminação em Portugal, até hoje, é uma realidade que tem cor e nacionalidade. Passei um ano em Portugal e pude constatar com os meus próprios olhos, foi mais uma grande experiência de vida. Pois, por mais que tu não sejas maltratado nem directamente ofendido ainda sentes aqueles olhares que exprimem um certo complexo de superioridade.
A questão dos preços dos bens e serviços é uma realidade, mas fico surpreso por saber que o preço de uma Cola é 100% mais baixo do que nos Estados Unidos da América. Os economistas chamam a este fenómeno de paridade de poder de compra (PPC), no caso se calhar chamariam de "inexistência de paridade de poder de compra ". Este fenómeno é analisado há muitos anos e deve o seu aparecimento aos clássicos, David Ricardo, Adam Smith e outros. O objectivo destes pensadores era de obter uma medida capaz de aferir a perda de poder compra por parte dos agentes económicos de um país para o outro. Pois, a taxa de câmbio simplesmente serve para podermos saber qual a quantidade de moeda estrangeira que podemos ter com uma unidade da moeda nacional, não leva em consideração questões como a diferença na flutuação dos preços dos bens entre os países. Assim só sabendo a paridade de poder de compra é que um agente económico poderá ter uma sensibilidade imediata sobre a quantidade de bens e serviços que pode adquirir no estrangeiro com o orçamento que tem.
Para que exista paridade de poder de compra, entre duas moedas ou países, a divisão entre os preços dos bens em análise deve ser exactamente igual a taxa de câmbio entre as duas moedas, neste caso teríamos €1,5/$0,7 = 2.143 €/$. Logo, se verificarmos que a taxa oficial de câmbio não exibe o valor supra determinado então podemos concluir que não existe PPC e pelo que sei ainda não se verificaram valores a este nível, entre a taxa de câmbio do Euro e do Dólar Norte-americano. Mas é claro que esta definição de PPC é muito redutora, pois assume o pressuposto de inexistência de custos de transacção, o que poderá tornar a medida pouco robusta para fazer tal análise. Existem ainda problemas de standardização da qualidade dos bens, pois muitos bens são fabricados com a mesma marca e nome são produzidos de forma diferente, isto é o processo de fabrico pode não ser exactamente igual em todos os países podendo justificar assim a diferença nos preços destes bens, diferenças nos preços dos factores também pode ser uma justificação para tal. Mas ainda assim a medida é útil porque a partir dai é possível observarmos se a taxa de câmbio se desvia muito ou pouco daquela referência. E acima de tudo ajuda os agentes económicos a fazerem contas sobre os bens e serviços a adquirir. Em última instância podemos retirar ilações sobre a possível magnitude dos custos de transacções e das margens de lucro sobre os preços. O bem mais usado para medir a paridade de poder de compra entre os países é o Mac Donald que acredita-se existir em “quase todo o mundo”, mas como sabemos não existe em Angola e de certeza em muitos países de africanos, para além da standardização da qualidade. A Coca cola também é uma boa referência e se calhar melhor do que o Mac Donald, pois é mais internacionalizada do que este último, mas infelizmente não tem sido usada pelos pesquisadores em economia.