Desde inicios do ano de 2009 que entrou em vigor em Portugal e no Brasil o novo acordo ortografico. Se por um lado o termo acordo deveria significar concordância, a realidade é que existe um numero elevado de intelectuais de ambos os países que discordam completamente da adopção de tal acordo. Penso que a ideia fundamental por trás deste acordo, que ja vem sendo discutido a mais de 50 anos, é de uniformizar as regras da gramática da língua portuguesa.
De facto, existem diferenças marcantes na gramática de ambos os países ao ponto de internacionalmente falar-se de portugues europeu e brasileiro. Esta particularidade, de acordo ao wikipédia, faz do portugues a única língua falada no mundo ocidental com duas formas de ortografias oficiais. De notar aqui, que apesar de existirem várias vertentes da língua inglesa, esta possui apenas uma ortografia oficial.
Um dos maiores argumentos contra a unificação da língua portuguesa é a defendida pelo jornalista Janer Cristaldo que em um artigo publicado em seu blog questiona-se sobre a utlidade da unificação da grafia quando em facto, esta-se em presença de dois idiomas diferentes. Janer não tem duvidas de como o português é um idioma tal como o brasileiro é outro. Como que a justificar as suas afirmações, menciona o facto de ja ter sido convidado a traduzir obras do português para o brasileiro.
A questão que resta levantar aqui neste espaço é o enquadramento das versões da língua portuguesa proveniente de outros países. O que dizer do portugues angolano? Se efectivamente nos atermos ao argumento do idioma, podemos facilmente concluir que as diferentes variações do portugues constituem em si varios idiomas que ao meu ver não podem ser unificados nem tão simplesmente ser forçado a cairem no esquecimento. Penso que a tentativa de unificar a lingua é um exercicio arriscado, que na melhor das hipoteses esta condenado ao fracasso, e na pior ira alienar valores culturais adquiridos.
Quando em local publico o brasileiro pergunta pelo banheiro, como angolano entendo que ele esta a referir-se ao quarto de banho pelo que acho que o portugues não deveria obrigar-me a chamar este local de mictório. A verdade porém é de que sempre nos podemos comunicar.
2 comments:
Interessante. Mas, a unificação ortográfica não pode significar necessariamente a alienação de valores culturais. Penso que os valores culturais, embora mutáveis no tempo e no espaço, sempre sofrerão influências de outras culturas, sejam elas positivas ou negativas. A língua pode ser um dos mecanismos de influência, mas não creio que condiciona o status quo de uma determinada cultura a ponto de provocar uma alienação Podemos contextualizar os diferentes usos do idioma sem retirar as características linguísticas de cada utilizador, seja ele brasileiro, angolano ou português. Quanto aos diferentes vocábulos que significam a mesma, devem ser inseridos nos dicionários com a respectiva especificação que indiquem a origem da palavra. Há muito que se diga sobre este acordo.
Se existem varias vertentes da língua inglesa, apesar de ter apenas uma ortografia oficial, porque nao acontecer o mesmo com o Portugues ?
Uma parte de Portugal parece estar contra, simplesmente porque o acordo ortografico leva a lingua de camoes ao tapete, uns ate' dizem que o Portugues deixaria de exitir, o que na minha opinao e'um disparate.
Ja exitem varios artigos, escrito seguindo o acordo ortografico, onde as alteracoes passam ao lado do comum leitor.
Penso que temos mais a ganhar do que a perder, veja a designacao Portugues Europeu e Brasileiro. E que tal o Portugues Africano ? Em vez de simplesmente Portugues.
Nao e' o facto de uns dizerem cafe da manha, outros pequeno almoco e tambem matabicho que a lingua passa a ser radicalmente diferente. Se assim fosse o caso, a lingua Portuguesa do Algarve teria de ter outro nome da do Porto. Tal como o Portugues Brasileiro de recife teria de ter uma designacao diferente da de Santa Catarina.
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