Saturday, August 28, 2010

O Último Recuo

Acabei de ler o romance o "O Último Recuo" sabado 28 de Agosto 2010 (10h15 a.m.).

Durante 3 dias devorei as paginas deste livro e simplesmente sinto-me estupefacto. A muito não lia um romance de um escritor Angolano e simplesmente fiquei espantado com a emotividade e cumplicidade com que o mesmo me prendeu. A determinados momentos parecia-me estar a ler um classico como "O Processo" de Franz Kafka ou mesmo o não menos enigmatico e sombrio "Papillon" de Henri Charriêre. A capacidade do autor em misturar a ficção com aspectos da história recente de nosso país levou-me a parar muitas das vezes minha leitura e mergulhar em momentos de abstração onde me perguntava a mim mesmo até onde os limites da ficção se separavam da realidade.

Em "O processo" o leitor é transportado para um mundo que apesar de real tem um ar carregado, cheio de sombras e incertezas. A cada desfolhar de pagina o leitor mais se convence da complexidade do mundo e do processo que o caracter principal tem de enfrentar. As instituições sem face, a burocracia e a incerteza no dia-a-dia. Todos estes elementos fazem parte da vida de joão Segura em "O Último Recuo".

Em minha analize Isaquiel Cori, autor de "O Último Recuo", pretendia nesta obra despertar os leitores da forma imparcial com que vivem suas vidas. Mostrar que o estado da sociedade em que vivem, descaraterizada e sombria, em parte é culpa da inercia de cada um dos seus actores que parecem votados, todos, ao destino que lhes foi imposto.

Talvez como Papillon, o autor de "O Último Recuo" pretende iluminar a consciencia do leitor para a situação injusta em que vive e levar-los a tomar consciencia real sobre o mundo em que vivem e das alternativas a inercia e ao comformismo. Seguramente a educação é uma dessas ferramentas de que o escritor sugere como arma de salvação. Mas mais do que isto vejo neste livro um convite aberto aos historiadores para abordarem de forma desapaixonada os verdadeiros motivos da guerra que acabou sendo nossa.

Esta de parabens o escritor Isaquiel Cori. Pena que um livro tão bem concebido não tenha passado dos 1000 exemplares.