Mês de Março presta-se a terminar. Querendo ou não este mês ha de entrar para história nacional. Talvez não nos nossos dias, mas um dia em que a história Angolana passar a ser escrita por verdadeiros estudiosos e não por homens de conveniencia politica. Infelizmente o ensino Angolano anda enfermado de serias debilidades que não podem de facto justificar a formação de quadros competentes. O que se esperar de quadros que não conhecem a história contemporanea do seus país?
Para muitos a cadeira de história é aborrecida e talvéz de pouca importância, mas a verdade é que so mesmo conhecendo o passado nos podemos habilitar a construir um futuro mais certo. Até a poucos anos os manuais de história do ensino geral eram a meu ver desprovidos de conteúdos suficientes que pudessem ajudar os estudantes a conhecer a história de Angola. Pouco se ensinava em relação as sociedades e reinos do territorio que é hoje Angola, muito menos se ensinava em relação a historia contemporanea. A história do país desde a luta de libertação a actualidade por incrivel que parece é dos maiores mistérios nos livros escolares. Como se pode portanto esperar que a geração de hoje esteja preparada a evitar os conflitos do passado se não os conhecem?
Os tumultos em Africa e no médio oriente são assuntos de suma importância e que devem ser estudados e constar dos manuais escolares para que as gerações vindouras possam os entender, julgar e evitar que se criem situações que levem a tais instabilidades.
A convocação da manifestação de 7 de Março e a resposta do partido governante, devem também merecer atenção dos estudiosos para que os dirigentes do futuro não repitam os erros de amordaçar a democracia e criar dois pesos e duas medidas ao governar o seu povo.
De facto, é preciso que se construa uma sociedade mais independente e capaz de pensar por si própria. Uma sociedade que saiba respeitar os seus direitos e exigir seus deveres porque é habilitando a capacidade dos homens de raciocinar que as sociedades desenvolvem e produzem homens inovadores e mentes brilhantes que poderão justificar um país orgulhoso de si mesmo e não orgulhoso de uma riqueza material que apesar de teoricamente ser de todos nós apenas meia duzia de iluminados delas beneficiam.
Mano Banhanha Kakuende tava desempregado há meses.
Com a resistência que só os angolanos têm Mano Banhanha Kakuende foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista.
Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou: - Qual foi seu último salário? - 30 mil Kwanzas, respondeu Mano Banhanha Kakuende. - Pois se o Senhor for contratado, ganhará 10 mil dólares por mês! - Aká.... Jura? - Que carro o Senhor tem? - Eu tinha um carro de mão aonde punha legumes pra vender na zunga, mas tambem era alugado! - Pois se o senhor trabalhar conosco terá um VX para si e um Vera Cruz para sua esposa, novos a estalar! - Aiwéééé minha vida....Jura? - O senhor viaja muito para o exterior? - Quer dizer já fui até M'bula tumba, visitar uns parentes... - Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Dubai, China, Nova Iorque, etc. - Adjiiiiiiiiiii num fala mais....Jura só? - E lhe digo mais.... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho q falar com meu Sócio. Mas já esta praticamente garantido. Se até amanhã (6ª feira) a meia-noite o senhor NÃO receber uma carta nossa a cancelar, pode vir trabalhar na segunda-feira com todas essas regalias que eu lhe disse. Então já sabe: se NÃO receber carta até a meia-noite de amanhã, o emprego é seu! Mano Banhanha Kakuende saiu do escritório fraco das pernas mas feliz, apanhou um taxi com os ultimos 100 Kz e foi pra casa.
Agora era só esperar até a meia-noite da 6ª feira e rezar, mas tambem previniu-se e amarrou capim e colocou na esquina da rua que dava pra casa dele para que não aparecesse nenhuma maldita carta.
Sexta-feira dia do homem mais feliz não poderia haver.
E Mano Banhanha Kakuende ganhou coragem e reuniu a família e contou a nova.
Convocou o bairro todo para uma sentada
comemorativa à base de muito cabrité´, fino e música de kilape.
Sexta a tarde já tinha 2 barris de fino aberto dos 7 de kilape.
Às 21 horas a festa fervia.
O DJ Kdngi (de kilape) estava a pôr todas ketas fixe, o povo dançava (era do cambua, era tudo...), a bebida era bar aberto....
22 horas, a mulher do Mano Banhanha Kakuende (tia Pulau) aflita, já achava que tudo era um exagero, e perguntava se a carta chegar... A vizinha Mbatano gostosa lá do bairo (mais conhecida por Beyoncé), interesseira dum raio bixa, já dançava do cambua só pro Mano Banhanha Kakuende.
E o DJ Kdngi tocava (grandas cassetes sim senhora pá...)!
E as pipas abriam, uma atrás da outra!
O povo cantava "deixa a vida me levar... vida leva eu... (tava lhes kuiááááá malé)!
23 horas, Mano Banhanha Kakuende já era o papoite do bairro, pois tudo seria pago com os 10 mil Doláres....
E também porque o ultimo evento grande no bairro foi o óbito do Man Dede Txafina que segundo o povo "bateu de milhões, muita bebida"...
E a mulher (tia Pulau) já não se aguentava, tava aflita, uns coxe alegre e já descabelada (quer dizer já com a peruca de lado)...
Às 23h50 minutos... Vira na esquina quase a chocar (por causa do capim amarrado lembram, ya quase deu certo) e fazendo jogo de luzes, um Corolla amarelo da DHL...
Ewéééééé, era a carta!
O amistoso (boda) parou!
O DJ Kdngi parou a música!
O homem do cabrité, Mano Kambeze, apagou o carvão!
A vizinha Mbatano (bixa dum raio) afastou-se!
Tia Pulau peidou!
Todos se perguntavam, e agora? Os kilapes?
" Coitado do Mano Banhanha Kakuende!" Era a frase mais ouvida.
- O Fedó das pipas já bebado exclamou, "eu então quero o meu kumbú, também fiz kilape na Cuca..."!
O fino parou!
O Corolla amarelo parou!
Sai um kta kilombo, Ti Mukuko, e se dirigiu ao Mano Banhanha Kakuende:
- Senhor DoBanhanha Kakuendes Makubikua? (nome do Mano Banhanha Kakuende)
- Si, si....simmm, só, só eu simmm... -Tia Pulau lhe empurrou para frente e disse " agora fala bixo de merda, não finge que es gago eu te avisei..."
A multidão não resistiu....
Ewééééééééé, bandeiraaaaa!!!!!!!!!!!
E Ti Mukuko o kilombo do Corolla diz:
- Tenho uma carta muito importante para o senhor...
Mano Banhanha Kakuende não acreditava...
Pegou na carta, com os olhos cheios d'água, levantou a cabeça e olhou para todos....
Silêncio total.
Não se ouvia sequer um mosquito, até o transito de repente aquela hora engarrafou a espera da noticia...!
Mano Banhanha Kakuende respirou fundo e abriu a carta a tremer, enquanto uma lágrima escorregava no canto do olho....
Olhou de novo para o povo e tirou a carta do envelope, abriu e começou a ler em silêncio....
O povo todo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava:
- E agora? Quem vai pagar os kilapes?
Mano Banhanha Kakuende recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que olhava pra ele tipo novela da Globo...
Foi então que Mano Banhanha Kakuende abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico.
- É Mamã que morreeeeuuu! -Mamã morreeeeuuu!!!!!!! Pode continuar a festaaaaaaaaa... E o povo gritou, ehhhhhhhh vivaaaa.... Hihihihihihi.... sempre a rir....hihihihihi.....