Friday, January 21, 2011

O acordo dos desacordos

Desde inicios do ano de 2009 que entrou em vigor em Portugal e no Brasil o novo acordo ortografico. Se por um lado o termo acordo deveria significar concordância, a realidade é que existe um numero elevado de intelectuais de ambos os países que discordam completamente da adopção de tal acordo. Penso que a ideia fundamental por trás deste acordo, que ja vem sendo discutido a mais de 50 anos, é de uniformizar as regras da gramática da língua portuguesa.

De facto, existem diferenças marcantes na gramática de ambos os países ao ponto de internacionalmente falar-se de portugues europeu e brasileiro. Esta particularidade, de acordo ao wikipédia, faz do portugues a única língua falada no mundo ocidental com duas formas de ortografias oficiais. De notar aqui, que apesar de existirem várias vertentes da língua inglesa, esta possui apenas uma ortografia oficial.

Um dos maiores argumentos contra a unificação da língua portuguesa é a defendida pelo jornalista Janer Cristaldo que em um artigo publicado em seu blog questiona-se sobre a utlidade da unificação da grafia quando em facto, esta-se em presença de dois idiomas diferentes. Janer não tem duvidas de como o português é um idioma tal como o brasileiro é outro. Como que a justificar as suas afirmações, menciona o facto de ja ter sido convidado a traduzir obras do português para o brasileiro.

A questão que resta levantar aqui neste espaço é o enquadramento das versões da língua portuguesa proveniente de outros países. O que dizer do portugues angolano? Se efectivamente nos atermos ao argumento do idioma, podemos facilmente concluir que as diferentes variações do portugues constituem em si varios idiomas que ao meu ver não podem ser unificados nem tão simplesmente ser forçado a cairem no esquecimento. Penso que a tentativa de unificar a lingua é um exercicio arriscado, que na melhor das hipoteses esta condenado ao fracasso, e na pior ira alienar valores culturais adquiridos.

Quando em local publico o brasileiro pergunta pelo banheiro, como angolano entendo que ele esta a referir-se ao quarto de banho pelo que acho que o portugues não deveria obrigar-me a chamar este local de mictório. A verdade porém é de que sempre nos podemos comunicar.